Comprimento efetivo

Nelson Jobim mandou reduzir nominalmente a pista de Congonhas. De resultado pratico, nao houve praticamente nenhum, pois as analises de decolagem e pouso dos fabricantes das aeronaves consideradas criticas para Congonhas permitem a operacao de todos exceto os mais lotados (de gente e combustivel) Airbuses 320 e Boeings 737-800. A proibicao de pousar na chuva era MUITO mais restriva que o encurtamento do Jobim.

Entretanto, lembram do hotel que ficava no cone de aproximacao de Congonhas? Nao fica mais... Bingo!

A canetada de Jobim serviu para reabrir o prostibulo, e de quebra, soltar o cafetao!

Incidente nao serve

Em funcao do acidente com o TAM3054, resolveram fechar novamente a pista principal de Congonhas, ate' que sejam verificadas as reais condicoes de frenagem com chuva.

Por que nao tomaram esta atitude na vespera, quando derrapou o ATR-42 da Pantanal, muito mais leve que um Airbus/Boeing, com velocidade de aproximacao muito menor que um Airbus/Boeing, e meio-vazio? Sera' que ninguem se deu conta que esta derrapagem era um pessimo pressagio, considerando que em Congonhas pousam Airbuses/Boeings lotados a torto e a direito?

Claro que nao! Incidente nao serve. Tem que ser acidente. Precisa morrer gente. Muita gente.

De graca.

O BLOG ESTA' DE LUTO

Mudei o layout do Blog para expressar o luto em respeito 'as vitimas do acidente to TAM3054. Este luto vai durar enquanto persistir o apagao aereo. Apagao este que so' tem sido iluminado pelas labaredas dos avioes quando explodem.

Desabafo

[texto escrito em 17/07/2007, dia do acidente do TAM3054 em Congonhas]

Hoje de manha, em alguma etapa de um longo voo que comecou no sudeste e foi parar no nordeste, comentei com o outro piloto, em alusao 'a derrapagem do ATR-42 da Pantanal ontem, que era apenas questao de tempo para que um aviao lotado derrapasse, explodisse e matasse todo mundo em Congonhas.

Eu so' nao poderia prever que este acidente tragico fosse acontecer ainda hoje.

Devo achar que tenho poderes premonitorios?
Que enxergo o que os outros nao veem?
Ou sera' que preferimos nao ver o que e' iminente, so' porque e' tragico?

A Infraero reformou a pista principal de Congonhas e a reabriu no dia 29 de junho mesmo sem grooving (ranhuras para aumentar a capacidade de frenagem). Contava com a falta de chuvas durante o inverno.
Foram quatro derrapagens sem vitimas antes da "reforma".
Dezoito dias depois da "reforma", na primeira chuva significativa depois da reabertura da pista, houve mais uma derrapagem sem vitimas,a do ATR da Pantanal.
Apenas 24 horas depois, tivemos as 200 vitimas fatais que precisavamos para abrirmos nossos olhos e enxergarmos que alguma coisa ainda esta' errada.

Hoje eu fiz um comentario alarmista e pessimista, achando que estava sendo somente isto: alarmista e pessimista.
Descobri que nao estava sendo nenhuma das duas coisas.
Estava era certo.

Espero estar errado da proxima vez.

Porque se eu estiver certo (de novo), as "autoridades" vao dizer que a falta de grooving nao teve influencia neste acidente, vao colocar o erro na conta do piloto, ou de Sao Pedro, e nos vamos ter que aguardar um novo acidente para que algo seja feito.

E so' para refrescar a memoria, o Gol e o Legacy bateram no ar ha' mais de nove meses, so' se discute se os gringos desligaram ou nao o transponder, e o controle aereo continua uma verdadeira zona. Os pontos cegos e surdos continuam nos mesmos lugares, as instrucoes do controle de trafego aereo sao desencontradas, e as situacoes de risco de colisao se multiplicam.

Para finalizar, expresso minhas condolencias pelas centenas de pessoas que morreram de graca por causa deste faz-de-conta.

Plano de Voo do Coelho Voador

"Senhoras e Senhores Passageiros, sejam bem-vindos à bordo deste blog. Dentro de instantes, iniciaremos nossa viagem com destino desconhecido. Nossa rota será definida à medida em que o vôo for progredindo, com a expectativa de encontrarmos céus claros e tranquilos, com apenas algumas eventuais turbulências e tempestades. Para todos, uma boa viagem, e espero que continuem nos dando o privilégio de voarem em nossas aeronaves."